Políticas públicas sociais e revisão judicial: análise empírica do comportamento autocontido do STF nas reclamações constitucionais.
Resumo
Como se comporta o Supremo Tribunal Federal quando provocado, através de reclamações constitucionais, a decidir questões relacionadas a políticas públicas sociais? O exponencial volume de litígios que chega anualmente à Corte, além de sua capacidade institucional, produz uma consequência natural: a seletividade; ora os Ministros selecionam as matérias que são efetivamente julgadas, ora selecionam (expressa ou tacitamente) as matérias que não serão apreciadas, em comportamento autocontido. No ambiente das reclamações constitucionais, o não julgar, decorrente da seletividade negativa, representa uma opção política, pois mantém os efeitos do ato impugnado, silenciosamente beneficiando o ente que praticou. Esta pesquisa coletou dados relacionados às reclamações constitucionais (1988-2017) envolvendo políticas públicas sociais, os quais foram submetidos à análise por regressão logística (logit), de modo a aferir quais temas estariam relacionados às maiores chances de ocorrer o comportamento autocontido dos julgadores.
Palavras-chave
Texto completo:
PDFReferências
ACKERMAN, Bruce. We the People: Transformations. Cambridge: Harvard University Press, 1998.
ARGUELHES, Diego Werneck; OLIVEIRA, Fabiana Luci de; RIBEIRO, Leandro Molhano. Ativismo judicial e seus usos na mídia brasileira. Direito, Estado e Sociedade, 2012, p. 34-64. Disponível em: http://direitoestadosociedade.jur.puc-rio.br/media/2artigo40.pdf. Acesso em: 22 jun. 2018.
BARBOZA, Estefânia Maria de Queiroz; KOZICKI, Katya. Judicialização da política e controle judicial de políticas públicas. Revista Direito GV, São Paulo, v. 8, n. 1, p. 059-085, Junho, 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-24322012000100003&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 17 jul. 2018.
BARCELLOS, Logan Caldas. A legitimidade democrática da jurisdição constitucional e o contramajoritarismo no contexto da judicialização da política e do ativismo judicial. Revista Prismas, v.8, n. 11, jan./jun. 2011, p. 1-43. Disponível em: https://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/prisma. Acesso em: 06 jul. 2018.
BARROSO, Luís Roberto. Judicialização, ativismo judicial e legitimidade democrática. Revista Direito do Estado, Salvador, ano 4, n. 13, p. 71-91, jan./mar. 2009.
BARROSO, Luís Roberto. Constituição, Democracia e Supremacia Judicial: Direito e Política no Brasil Contemporâneo. In: FELLET, André Luiz Fernandes; PAULA, Daniel Giotti de; NOVELINO, Marcelo (Orgs). As novas faces do ativismo judicial. Salvador: Juspodium, 2011. p. 225-270.
BICKEL, Alexander M. The least dangerous branch: the Supreme Court at the bar of politics. Indianapolis: Bobbs-Merrill, 1962, p. 105-111.
BIM, Eduardo Fortunato. Divergências científicas e metodológicas no Direito Ambiental e autocontenção judicial. Revista Internacional de Direito Ambiental: Caxias do Sul, v. 1, n. 3, set./dez. 2012, p. 67-98. Disponível em: https://www.portaldeperiodicos.idp.edu.br/direitopublico/article/view/2094. Acesso em: 10 jul. 2018.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Rcl nº 141. Relator: Min. Rocha Lagoa. Brasília. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=Rcl-primeira(141 .NUME.)&base=baseAcordaos. Acesso em: 29 mar. 2018.
CAMPOS, Carlos Alexandre de Azevedo. Moreira Alves V. Gilmar Mendes: a evolução das dimensões metodológica e processual do ativismo judicial do Supremo Tribunal Federal. In: FELLET, André Luiz Fernandes; PAULA, Daniel Giotti de; NOVELINO, Marcelo (Orgs.). As novas faces do ativismo judicial. Salvador: Juspodium, 2011, p. 541-595.
CARVALHO, Ernani Rodrigues de. Em busca da judicialização da política no Brasil: apontamentos para uma nova abordagem. Revista de Sociologia e Política, Curitiba, n.23, nov., 2004. Disponível em: www.scielo.br/pdf/rsocp/n23/24626.pdf. Acesso em: 25 mai. 2018.
COUTO, Cláudio Gonçalves; ARANTES, Rogério Bastos. Constituição, governo e democracia no Brasil. Revista Brasileira de Ciências Sociais. Vol.21, n.61, 2006. p.41-62. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-69092006000200003&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 22 mai. 2018.
CROSS, Frank B.; LINDQUIST, Stefanie A. The Scientific Study of Judicial Activism. Minnesota Law Review. Vanderbilt Law and Economics Research Paper No. 06-23, 2007. Disponível em: http://ssrn.com/abstract=939768. Acesso em: 07 jul. 2018.
DIMOULIS, Dimitri; LUNARDI, Soraya Gasparetto. Ativismo e autocontenção judicial no controle de constitucionalidade. In: FELLET, André Luiz Fernandes; PAULA, Daniel Giotti de; NOVELINO, Marcelo (Orgs.). As novas faces do ativismo judicial. Salvador: Juspodium, 2011, p. 459-473.
DANTAS, Marcelo Navarro Ribeiro. Reclamação Constitucional no Direito Brasileiro. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 2000.
DIDIER JR., Fredie; MACÊDO, Lucas Buril de. Controle concentrado de constitucionalidade e revisão de coisa julgada: análise da reclamação no 4.374/PE. Revista Jurídica da Presidência. Brasília: Presidência da República, Centro de Estudos Jurídicos da Presidência – Vol. 16, n. 110, out.2014/jan. 2015. p.567-590. Disponível em: https://revistajuridica.presidencia.gov.br/index.php/saj/article/viewFile/11/1. Acesso em: 14 ago. 2018.
EPSTEIN, L.; KNIGHT, J.. The Choices Justices Make. Washington, D. C., Congressional Quarterly, 1998.
EPSTEIN, L.; WALKER, T. G.. Constitutional Law for a Changing America: Institutional Powers and Constraints. Washington, D.C., Congressional Quarterly Press, 2007.
EVERITT, B. S. The Cambridge Dictionary of Statistics. Cambridge: Cambridge University Press, 2006.
FIGUEIREDO FILHO, Dalson Britto et al. When is statistical significance not significant?. Bras. Political Sci. Rev.: São Paulo, v. 7, n. 1, p. 31-55, 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-38212013000100002&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 18 mar. 2019.
GOMES NETO, José Mário Wanderley; LIMA, Flávia Danielle Santiago. Das 11 ilhas ao centro do arquipélago: os superpoderes do Presidente do STF durante o recesso judicial e férias. Revista Brasileira de Políticas Públicas, Brasília, v. 8, nº 2, 2018. p.740-756. Disponível em: https://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/RBPP/issue/view/244/showToc. Acesso em: 28 set. 2018.
GOMES NETO, José Mário Wanderley. Pretores estratégicos: por que o Judiciário decide a favor do Executivo e contra suas próprias decisões?: análise empírica dos pedidos de suspensão apresentados ao STF (1993-2012). 2015. 97 f. Tese (Doutorado) - Curso de Ciência Política, Programa de Pós-graduação em Ciência Política, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2015. Disponível em: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/16709. Acesso em: 27 jul. 2018.
GOMES NETO, José Mário Wanderley; BARBOSA, Luis Felipe Andrade; VIEIRA, Jorge Luiz Gonzaga. Explicando decisões: as aplicações da análise por regressão logística (Logit) no estudo do comportamento judicial. Revista Direito Público, ano 15, n. 82, jul./ago., 2018.
HOLLIDAY, Gustavo Calmon. A reclamação constitucional no novo CPC. Belo Horizonte: Fórum, 2016.
HOMMERDING, Adalberto Narciso. Reclamação e correição parcial: critérios para distinção. In: NOGUEIRA, Pedro Henrique Pedrosa; COSTA, Eduardo José da Fonseca (Orgs.). Reclamação constitucional. Salvador: Juspodium, 2013, p. 41-70.
LAMOUNIER, Bolívar (Org.). De Geisel a Collor: o balanço da transição. São Paulo: Idesp/Sumaré, 1990.
LIMA, Flávia Danielle Santiago. Jurisdição constitucional e política: ativismo e autocontenção no STF. Curitiba: Juruá, 2014.
MACIEL, Débora Alves; KOERNER, Andrei. Sentidos da judicialização da política: duas análises. Lua Nova, n. 57, 2002. Disponível em: http://redalyc.uaemex.mx/src/inicio/ArtPdfRed.jsp?iCve=67311576006. Acesso em: 06 abr. 2018.
MARTINS, Ives Gandra da Silva; PAVAN, Cláudia Fonseca Morato. Reclamação e ação declaratória de constitucionalidade. In: NOGUEIRA, Pedro Henrique Pedrosa; COSTA, Eduardo José da Fonseca (Orgs.). Reclamação constitucional. Salvador: Juspodium, 2013, p. 41-70.
MORATO, Leonardo L. A reclamação constitucional e a sua importância para o estado democrático de direito. São Paulo: Revista de Direito Constitucional e Internacional, v. 13, n. 51, abr./jun., 2005, p. 171-187.
PAULA, Daniel Giotti de. Ainda existe separação de poderes? A invasão da política pelo direito no contexto do ativismo judicial e da judicialização da política. In: FELLET, André Luiz Fernandes; PAULA, Daniel Giotti de; NOVELINO, Marcelo (Orgs.). As novas faces do ativismo judicial. Salvador: Juspodium, 2011, p. 271-312.
PONTES, Juliana de Brito; GOMES NETO, José Mário Wanderley; TEIXEIRA, João Paulo Allain. Autocontenção no Judiciário Brasileiro: uma análise das relações estratégicas entre os poderes constituídos do Estado. Revista Opinião Jurídica, Fortaleza, ano 15, n. 20, jan./jun. 2017, p. 138-159. Disponível em: http://periodicos.unichristus.edu.br/index.php/opiniaojuridica/article/view/1339/460. Acesso em: 25 fev. 2019.
POSNER, Richard. The Meaning of Judicial Self-Restraint. Indiana Law Journal, vol. 59, article 1, 1983. Disponível em: http://www.repository.law.indiana.edu/ilj/vol59/iss1/1. Acesso em: 24 mai. 2017.
ROCHE, Jonh P. Judicial self-restraint. The American Political Science Review, vol. 49, n. 3, set. 1955. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/1951437. Acesso em: 18 ago. 2018.
SEGAL, Jeffrey A.; SPAETH, Harold J.. The Supreme Court and the attitudinal model revisited. New York, Cambridge University Press, 2002.
STEIN, Ernesto; TOMMASI, Mariano et al. (Orgs.) A política das políticas públicas: progresso econômico e social na América Latina. Relatório 2006/Banco Interamericano de Desenvolvimento e David Rockefeller Center for Latin America Studies, Harvard University. Trad. Banco Interamericano de Desenvolvimento. Rio de Janeiro: Elsevier. Washington, DC: BID, 2007.
SUNSTEIN, Cass R.. Radicals in robes: why extreme right-wing Courts are wrong for America. New York: Basic Books, 2005.
TATE, C. Neal; VALLINDER, Torbjörn. The global expansion of judicial power. New York, New York University Press, 1995.
VIANNA, Luiz Werneck et al. A judicialização da política e das relações sociais no Brasil. Rio de Janeiro: Revan, 1999.
ZAVASCKI, Teori Albino. Eficácia das sentenças na jurisdição constitucional. São Paulo: Ed. RT, 2003.
WHITTINGTON, Keith E. Interpose your friendly hand: Political Supports for the Exercise of Judicial Review by the United States Supreme Court. American Political Science Review, v. 99, n. 4, 1999. Disponível em: https://scholar.princeton.edu/sites/default/files/Interpose_Friendly_Hand_0.pdf. Acesso em: 17 jul. 2018.
DOI: http://dx.doi.org/10.35356/argumenta.v0i32.1959
Apontamentos
- Não há apontamentos.
Direitos autorais 2020 Argumenta Journal Law









ARGUMENTA JOURNAL LAW
Programa de Pós-Graduação em Ciência Jurídica
E-mail : argumenta@uenp.edu.br
Telefone/fax 4335258953
Horário de atendimento de segunda-feira à sexta-feira 14 às 17h e das 19 às 23h e nos sábados das 08 até 12h
Endereço: Av. Manoel Ribas, 711 - 1º andar
Jacarezinho PR - 86400-000 - Brasil