RESSIGNIFICAR O GRITO DE INDEPENDÊNCIA
CONTRIBUIÇÕES DA SEMIÓTICA À LEITURA DA NARRATIVA DE RESISTÊNCIA
Resumo
Neste trabalho, apresentamos reflexões teóricas e analíticas para a leitura de produções discursivo-textuais que constituem nosso imaginário histórico-cultural no contexto escolar. Neste exercício, partimos do quadro “Independência ou morte” de Pedro Américo de Figueiredo e Mello (1888) para analisarmos uma releitura da pintura na charge de Leandro Assis e Triscila Oliveira (2022), veiculada no Jornal Folha de São Paulo durante as comemorações de sete de setembro de dois mil e vinte e dois – ponderamos sobre o ato que instaura a Independência do Brasil. Movidas pela tônica do material analisado e tendo a leitura como prática para a construção de sentidos, é na semiótica discursiva que buscamos ferramentas para uma leitura situada, reflexiva e de resistência, além de dialogarmos com conceitos de outras áreas, como a narrativa de resistência e os estudos sobre memória coletiva. Depreendemos que a tela produz efeito de afirmação do grito, nega a participação do povo miscigenado; a charge, por sua vez, enfatiza o movimento de negação da forma de representação do fato histórico relatado, insere o povo, ainda que às margens do episódio.