Da matriz grega clássica aos orixás: o romance histórico contemporâneo e a paródia das divindades em viva o povo brasileiro, de João Ubaldo Ribeiro
Palavras-chave:
João Ubaldo Ribeiro, Viva o povo brasileiro, Romance histórico, Paródia.Resumo
O romance histórico contemporâneo, dentre as suas diversas características, busca resgatar e valorizar a identidade de povos que foram silenciados e excluídos socialmente pela elite dominante e tal resgate pode ocorrer por meio da narração da história pelo ponto de vista do grupo oprimido. Para tanto, o romance histórico poderá se utilizar de diversos recursos da linguagem para cumprir sua proposta, que, certamente, serão capazes de levar o leitor a repensar a história oficial, a qual pode apresentar uma visão falha dos acontecimentos de dado período histórico. Desse modo, o presente artigo tem por objetivo realizar um estudo do romance Viva o povo brasileiro, de João Ubaldo Ribeiro, com o intuito de verificar como se configura a remissão da identidade do povo negro, vítima de preconceito e discriminação racial desde o período colonial. Para tanto, este trabalho analisará as construções paródicas da obra em questão, marcas da literatura contemporânea, referentes a representação das divindades de origem africana, os Orixás, que estão ligadas a dos deuses gregos olimpianos, expostos em Ilíada, de Homero, uma vez que os deuses, de ambas as crenças, lutam ao lado de seus povos nas guerras descritas nas narrativas.