A CONCORDÂNCIA VERBAL NO CONTEXTO ESCOLAR: UMA DISCUSSÃO SOBRE AVALIAÇÃO E CRENÇAS LINGUÍSTICAS

Rafaela Regina Ghessi-Arroyo

Resumo


O tema da avaliação deve ser discutido em estudos sobre variação e mudança linguística, pois suscita um processo de construção de julgamentos subjetivos do falante em relação sua própria língua e ao do seu interlocutor. Esses julgamentos estão ancorados a uma ideologia linguística de uma língua padrão, herança que, no Brasil, advém desde o processo colonial. Os falantes acreditam que a língua existe em formas padronizadas e esse tipo de crença afeta o modo como os falantes presam sua própria língua (MILROY, 2011).  Partindo dos pressupostos da Teoria da Variação e Mudança Linguística (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 2006), o presente trabalho tem como objetivo analisar as atitudes linguísticas de professores de Língua Portuguesa (LP) de duas escolas públicas da cidade de Monte Azul Paulista, município do interior do estado de São Paulo, mediante ao fenômeno variável de concordância verbal (CV) de 3° pessoa do plural. Além disso, buscamos investigar as crenças de alunos do 3° ano do Ensino Médio (EM) das mesmas escolas públicas em relação a língua portuguesa. A construção do corpus foi feita com questionários aos professores, e com uma pergunta aos alunos: “Você gosta de Língua Portuguesa? Justifique”.  O teste demonstrou a aproximação do professor às convenções e aos padrões institucionalizados; evidenciando uma prática docente que ainda não está amparada à pedagogia da variação linguística (FARACO, 2015). Em consequência, foi possível observar que os alunos não possuem uma boa experiência com a disciplina de Língua Portuguesa dentro de sala de aula.

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