"Os ratos" e a representação trágica da modernização industrial e tecnológica brasileira

Bárbara Del Rio Araújo, Débora Ribeiro da Silva

Resumo


Este artigo tem como escopo a apreciação do trágico na obra Os Ratos, de Dyonélio Machado.  A intenção é entender como se configura a tragicidade no romance e como ela é reveladora do processo de modernização brasileira, o qual se consolida em direção ao progresso sem abrir mão do atraso social. A partir da obra selecionada, será possível inicialmente compreender que o fenômeno trágico não está restrito ao gênero dramático; para além da tragédia, o elemento é absorvido na estrutura romanesca a fim de representar o paradoxo da modernidade, o conflito entre o indivíduo e a estrutura socioeconômica. Nesse aspecto, a estilização da tragicidade permite conhecer a especificidade da condição histórica nacional, como a modernização dependente do país, que propiciou uma contradição permanente entre a matéria e o espírito, progresso tecnológico e o retrocesso humano, a afirmação e ao mesmo tempo o aniquilamento do homem perante o mundo. A fundamentação teórica deste trabalho tem base materialista e busca estabelecer a relação entre estrutura literária e conteúdo social, dimensionando a capacidade reflexiva e o aprendizado crítico. 


Palavras-chave


Trágico. Modernização. Os Ratos.

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