REFLEXÕES SOBRE O ABANDONO PATERNO EM PEQUENA COREOGRAFIA DO ADEUS, DE ALINE BEI
Resumen
Resumo: Neste artigo, cientes das tantas possibilidades de análise na obra Pequena coreografia do Adeus, de Aline Bei, iremos nos atentar as relações familiares e nas representações paternas que influenciam a personagem central e a narrativa. Júlia Terra é a narradora que expõe suas percepções no que parece ser uma falta de afeto generalizada em sua vida. Embora seja possível pensar que apenas um ponto de vista limita a visão geral e, consequentemente, as representações de paternidade e maternidade no romance, estamos considerando como relevante o impacto produzido pelo desamparo – ou, ao menos, pelo sentir-se desamparado. Lidamos, aqui, com a falta de reportório emocional que vem de gerações anteriores para entender as representações de maternidade – e talvez humanizá-las – e analisar as diferenças destas com as representações da paternidade – marcadas pelo abandono. Ainda, para além da ausência e da relação superficial entre pai e filha, buscamos pensar, sobretudo a partir do envelhecimento da figura paterna, o ensaio de uma conciliação – impedida pela morte – e as partilhas e encontros entre pai e filha permeadas pela arte.